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domingo, agosto 14, 2011
Friday night
Estava tomada por uma mistura clássica de vergonha, medo e vontade insana do novo. Desceu os quinze ou dezesseis degraus com seu salto agulha e sua sobriedade. Olhou ao redor e parou em um olhar. Talvez o conhecesse de longa data, antes mesmo do primeiro contato virtual. Ele a reconheceu da forma mais simples, não tão espiritual. Trocaram algumas palavras constrangidas, cuspidas e se afastaram.
Estava tomada por uma mistura psicodélica de sedução, embriaguez e vontade estranha de dançar. Observava cada detalhe enquanto cantava alguns refrãos e arriscava alguns passos. Beijou outra boca, agora conhecida, imaginando ser aquela que ainda não conhecia - pertencentes ao dono do seu olhar. Perdeu a noção do tempo, ganhou uma chance de acertar de vez o beijo.
Estava tomada por uma mistura doce de desejo, esperança e vontade louca de ficar para sempre ali. Dançaram face com face, como se fossem apenas um. Então o tempo correu em velocidade máxima. Ele pegou sua mão, subiram os quinze ou dezesseis degraus com seu salto agulha e sua embriaguez. Desejava poder ser levada em casa, conquistar seu beijo. Mas não foi assim que aconteceu.
Estava tomara por uma mistura envenenada de decepção, raiva e vontade voltar no tempo. Chegou em casa com a luta perdida, mas com um desafio ainda no ar. Deitou-se e sonhou com a continuação da noite. Não podia estar em corpo, mas estava em alma. E esteve.
quarta-feira, julho 06, 2011
Porta-retrato
Olhando pelas paredes cor de areia de meu quarto, posso ver vazios que esperam por novas histórias. Logo acima, os meus sonhos aprisionados e flutuantes dois dedos abaixo do teto. As margens brancas engessadas destacam as minhas causas perdidas, e entre elas pode-se ver meu mais recente querer. Pesssoas sorriem e cores se sobressaem em um retângulo magnético pendurado, pedaços de mim. Entre flores de pano, aparalhos eletrônicos e enfeites de infância, se destaca um porta-retrato. Não sei seu tamanho exato, talvez 15x30. "O amor é a lei da vida" nele se lê e observa corações vermelhos como morangos. Mas algo ali prende atenção e pensamentos, bem mais do que suas cores, formas e frases. Falta algo, falta um retrato, falta uma imagem conhecida entre aquele espaço prateado. Me peguei pensando em uma imagem apropriada, mas quanto mais penso, mais percebo que aquele lugarzinho vazio precisa de um alguém. Assim como eu preciso de um certo alguém. Não alguém, qualquer alguém, mas um alguém para completar o fundo, alguém para somar bem ao fundo no coração que me dá vida. Vejo que este porta-retrato e eu temos tanto em comum, e isso me alivia. Alivia saber que ele - assim como eu - está a lhe esperar. De fundo, coração, cores, mente - ou o que quer que seja - aberto, e é só você querer preencher. Tem espaço pra você, tem espaço pra nós. No porta-retrato, no coração. Vem.
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