domingo, julho 03, 2011

Giantland

 Era uma vez uma garota multipolar - sua polaridade era muito além de bi -. Uma mínima garota ruiva, com sentimentos e humores incomuns para a sociedade na qual vivia. Sua idade era definida como pouco mais que 15 anos e pouco menos que 19 anos. Sua família era hierárquica e incomum - como de praxe -, mas vamos logo ao que interessa. Num certo dia, indefinido em data - definido apenas por um céu muito azul de poucas nuvens, marcado por um sono fora do comum -, uma de suas muitas polaridades se apaixonou à primeira vista por um garoto apolar. Um garoto alourado, cara de quem não se importava com nada, de tamanho descomunal. Mas não nos prendamos a detalhes. A garota tão singular, de repente se viu plural. Mesmo que vivesse em uma Terra de Gigantes.
 Pequenina, se viu maravilhada e incapaz de permanecer falante. Perdeu a paz, a voz, o rumo. Não se aquietou até que pode finalmente despertar um ligeiro interesse no gigante garoto que a completava, e era dado por futuramente pertencente àquela pequena ruiva de um metro e meio. Eles trocaram algumas palavras, poucas e suficientes para descobrir que seu gigante havia chegado a pouco na Terra de Gigantes. Eis que nascia ali uma amizade.
 Vez ou outra, a garota era carregada para longos passeios nas mãos de seu gigante, por campos floridos nas manhãs de verão. E assim cresceu um amor, um amor de aceitação. Tanta diferença em seus tamanhos, tanta igualdade em seus sentimentos. Era hábito os dois estarem juntos todas as manhãs, e durante o resto do dia seguiam suas diferentes vidas.
 O gigante garoto era pouco mais velho que a pequena ruiva, pouco que separariam-os de uma forma cruel. Ele fora mandado a um colégio distante, e não poderia mais ver sua garotinha. Decorreram-se meses sem qualquer comunicação. Sentiam muita falta um do outro inicialmente, mas depois a falta partiria apenas da garota, que sem delongas fora noticiada de que seu gigante estava de namorico com uma gigante de sua nova terra. Então seu coraçãozinho de menos de 12 cm sofreu, e logo se acostumou com a ideia até não mais sentir.
 O gigante estava de volta, eram as férias. A garotinha foi surpreendida por ele, que veio lhe procurar com as supostas boas novas. Conversaram por um horas a fio, como nos velhos tempos, e com os olhos cheios d'água. Ele prometeu que estava tudo bem, que nada havia mudado entre eles, e que ficariam juntos mais uma vez.
 E assim como as pessoas mudam, as promessas são quebradas. Foram promessas e promessas perdidas no tempo.. A Terra de Gigantes permanecia intacta. Com a pequena ruiva multipolar sozinha, sem sentir-se nada além de peça sobressalente no quebra-cabeça da sociedade. E o gigante garoto que considerava tão importante essa garota em sua vida, que partira da Terra de Gigantes para que ela se sentisse menos incomum, para que as coisas se tornassem menos difíceis. Vai enteder os garotos, tão carentes de sentido em suas ações...
 E eles viveram separados para sempre, com apenas algo em comum - jamais o tamanho, não o amor ou a juventude -: mas a infelicidade, que os separava e que ao mesmo tempo os unia.

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