segunda-feira, setembro 14, 2009

Ipê amarelo

Estávamos embaixo de um lindo ipê amarelo, éramos crianças e você estava linda. O chão estava límpido, não havia uma flor caída e você tampava o sol com as mãos e venerava as lindas flores amarelas que haviam nos galhos mais altos da árvore. Era o seu desejo maior, ostentava uma flor para enfeitar os cabelos e eu não via como alcançar uma flor ali. Corajosamente lhe roubei um beijo; era a garantia de minha vida, e se algo acontecesse estaria feliz e pronto para partir. Subi na árvore com facilidade, pois era um muleque ligeiro e à medida que subia os galhos iam afinando e sabia perfeitamente que não iriam aguentar meu peso por muito tempo. Subi em um galho que me passou segurança e parei para escolher dentre as amarelinhas a que fosse mais perfeita, como a minha amada que estava a minha espera. Arranquei cuidadosamente a flor e tentei descer pelo mesmo caminho que fiz na subida, estava pisando firme no tronco e um passo em falso, caí ao chão. Minha cabeça bateu tão forte que só pude ouvir o grito de minha amada ao meu lado, com o rosto coberto de tristezas. Enquanto estava consciente peguei a flor amarela e dei-lhe, mas sabia que essa seria a minha última atitude antes de partir. Você deu-me um beijo e deitou no meu peito. Sei que ouviu o último pulsar do meu coração. A flor não lhe importava mais, amassou-lhe e a jogou na grama. Custou a vida do meu primeiro amor.

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